terça-feira, 30 de março de 2010

Berlinenses da gema




Aqui segue uma foto ilustrativa do site do ACUD. Na parte superior, encontram-se as abas referentes a cada atividade desenvolvida pelo grupo, logo abaixo, segue o poster de uma série de concertos programados para esta temporada. Chama a atenção o enfoque dado ao evento; “as bandas verdadeiramente berlinenses” e a atualidade da cena, “novas bandas e público”. Com um pouco mais de tempo na cidade, dá para perceber uma constante concorrência entre o que seria ‘realmente’ Berliner e aquilo que se diz ser e não é. É como se todos que estivessem aqui há, pelo menos 15 anos, quisesse ter um ‘crachá’, um uniforme que o diferenciasse e provasse que ele é morador local autêntico e, por isso, ter mais credibilidade no que diz.


É difícil tentar classificar as coisas nesse patamar de ‘autenticidade’. Principalmente no contexto berlinense, onde a parte Leste, totalmente devastada e abandona, teve que ser extremamente aberta àqueles que nela se dispusessem a trabalhar e a fazê-la crescer. Essas pessoas vieram de todas cidades da Alemanha, de países do antigo bloco socialista e vários outros da Europa.

Outro fato interessante e que contribuiu para a formação do perfil da cidade e o seu espírito libertário de hoje, é que a Berlim Ocidental atraiu muitos jovens de outras cidades alemãs do Ocidente por não ter serviço militar obrigatório. Percebe-se então que a ‘autenticidade’ está muito mais ligada em estar em sincronia com a cidade; em desenvolver atividades que consigam se encaixar em seus espaços improvisados, em conseguir criar suas próprias redes para trabalhar e sobreviver, do que o fato de ter nascido aqui ou estar aqui há mais de 15 anos.

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