terça-feira, 30 de março de 2010

Fire walls





Quando Berlim se estabiliza como a capital da Alemanha, acontece um boom na cidade e nos seus ‘novos’ bairros re-surgem mais estabilizados e estruturados também. É como se a geração dos Squatters tivesse ‘largado’ rebeldia de lado, conseguido amadurecer e prosperar como profissionais liberais que desenvolvem atividades criativas, pagam suas contas e também gostam e podem consumir. Um bom exemplo pode ser dado como o fato de Prenzlauer Berg ter a maior taxa de natalidade de toda a Europa.


Em Berlim, cada bairro tem a sua própria autonomia, cultura e suas peculiaridades. Por parte dos moradores, existe um pensamento bastante difundido em “ajudar o bairro a melhorar”, uma consciência em consumir nos estabelecimentos locais, em enfeitar jardins, paredes e frequentar praças e parques das vizinhanças as quais pertencem. Adornar o espaço público é uma característica marcante em ambos os lados da cidade. Em Novembro de 2009, a revista Piauí publicou um artigo no qual Tim Apmann dá um depoimento sobre sua vida na Alemanha Oriental dos anos 70 e trás um fato que pode ajudar um pouco a explicar a cultura dos murais, dos painéis nas laterais e fachadas dos prédios e a incorporação do grafite pela cidade: “Por lei, todo prédio novo era obrigado a alocar 3% de seu orçamento para a decoração de suas paredes externas. Como minha mãe tinha estudado pintura mural na escola de Belas-Artes, coube a ela dedicar-se a essa tarefa. Segundo a orientação do regime, a arte mural deveria exprimir a felicidade das pessoas que tinham a sorte de viver na parte socialista da Alemanha. Poderia também retratar a miséria dos que viviam na parte capitalista da Alemanha - cujo governo era manipulado pelos nazistas e pelos imperialistas americanos - onde não existia o direito ao emprego, à educação ou à habitação. Como eles sobreviviam, só Deus sabia! .”


Essa cultura, de certa forma, permanece e colore a cidade com murais de variados temas, mas sem a necessidade de uma lei. Por vezes, o estabelecimento comercial do térreo banca os custos e decide o que será pintado, como esse jardim da infância, no bairro de Kreuzberge, chamada de Caverna dos leões. As subprefeituras distritais também comissionam algumas produções, porém, o mais comum são os moradores se reunirem, dividirem os custos e decidirem por algo que lhes agrade e geralmente que passe uma mensagem. O tema da guerra é um dos mais abordados, mas as simples decorações com paisagem e natureza também se encontra em prédios com moradores mais conservadores.


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